domingo, 5 de setembro de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
No túnel do tempo...
Imagina que você precisa de algumas informações, com uma certa urgência, e um amigo seu, que mora em outro estado, promete te enviar. Mas, ele te avisa que vai demorar um pouco, pois ele vai datilografar as informações - tendo o cuidado de fazer uma cópia com papel carbono - e, em seguida, colocar no correio. Agora, imagina que vizinhos te convidaram para assistir a final da copa do mundo e, chegando lá, você percebe que estão todos diante de uma Telefunken em preto e branco. Você pede para fazer uma ligação para aquele amigo do outro estado e os vizinhos, atenciosamente, te mostram onde está o telefone e dizem para que fique à vontade. Qual seria a sua reação ao saber que você teria que discar os treze números e rezar para não dar ocupado, pois precisaria repetir esta operação diversas vezes?
Após o jogo, os amigos insistem que você fique, pois vai rolar uma festinha com uns discos bem legais do Bill Haley, que eles acabaram de comprar.
Este cenário, pouco provável nos dias de hoje, seria perfeitamente normal há algumas décadas atrás. Entretanto, salvo se formos daqueles saudosistas românticos ou colecionadores de peças antigas, dificilmente nos sentiríamos confortáveis utilizando tais tecnologias já consideradas obsoletas.
Vamos, então, dar sequência ao nosso exercício de imaginação e tentar pensar em como os nossos alunos se sentem ao serem submetidos a tecnologias e procedimentos que foram inventados há séculos!!!
Talvez, mais que desconfortáveis, eles se sintam mesmo indignados, revoltados, inconformados, desanimados, desolados, etc., etc., etc... Obviamente, a expressão desses sentimentos vem na forma daquele comportamento que mais preocupa e incomoda o profesor: a indisciplina.
Creio que a fala do professor Ulisses Araujo, na entrevista postada abaixo, é bastante feliz, quando ele aponta o anacronismo da nossa escola. Esta escola que parece se comportar como um túnel do tempo, em que se remete o aluno a um contexto no qual todos os seus comportamenos serão inadequados, pois são comportamentos de uma outra era, um outro tempo/espaço. Esta escola que, não raro, sonha com os alunos do passado, os quais, supostamente, ouviam silenciosa e atentamente as longas exposições orais dos seus professores e copiavam com precisão e esmero as lições e exercícios escritos no quadro de giz, e acorda assustada quando se vê desafiada pela resistência discente em aceitar os seus métodos.
Parece mesmo que a escola é a única que não percebe que tudo mudou à sua volta. Objetos, comportamentos, valores, objetivos, enfim, praticamente nada que esteja para além das nossas necessidades biologicas é realizado como era há vinte ou trinta anos passados. Mas, infelizmente, nossas salas de aula ainda são as fiéis representantes de como se educava no sécuo XIX.
Para ler:
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Ainda sobre as regras...
Seguindo o que foi discutido no vídeo abaixo, pelo professor Yves de La Taille, mais alguns exemplos de utilização das regras pela escola, e como as concepções errôneas sobre o tema podem acarretar em prejuízos para as relações professor/aluno, para a manutenção da disciplina escolar e para a própria educação das crianças e jovens.
As regras, obviamente devem existir e serem conhecidas e respeitadas por todos que fazem parte da comunidade escolar. Mas, a sua efetividade está, sem dúvida, condicionada à sua construção coletiva, alicerçada em princípios éticos e não em um apelo à tradição, como justificativa da sua existência.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
A regra é clara?
Nas primeiras décadas do século passado, Jean Piaget definira moral como um conjunto de regras, e a moralidade como a relação que as pessoas estabelecem com essas regras. A regra está no cerne da discussão sobre moral, mas também sobre disciplina/indisciplina. Por isso, temos que compreender a sua natureza, função e limites. Temos que entender qual a relação entre regras e princípios e sabermos utilizá-los de maneira adequada.
Nada melhor, para isso, do que ouvir o maior especialista em desenvolvimento moral do país, autor de um livro premiado sobre o tema (ao lado), o professor Yves de La Taille, da USP, que, sem dúvida, deixará a questão da regra, mais clara.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Indisciplina e Desenvolvimento Moral
Para resolvermos as questões crônicas da educação, temos que, necessariamente, irmos aos seus fundamentos. Educador que acredita que vai se transformar e transformar os outros apenas frequentando alguns cursos de carga horária mínima, pode remover o seu pequeno equino da precipitação pluviométrica!!! As instituições formadoras também devem fazer a sua parte, tanto quanto o governo deve prover condições de formação consistente para o pessoal da escola pública. A verdade é que, sem teoria, sem uma formação sólida, continuarems como cegos perdidos nesses tiroteio de práticas ditas inovadoras e metodologias cosméticas. Vejam nessa entrevista, da professora Telma Vinha (autora dos excelentes livros ao lado) como a teoria lança luz sobre questões do dia-a-dia escolar:
Homogeneização!
Há alguns anos atrás, utilizava esse vídeo do Pink Floyd (ainda em vídeo cassete!!!) pra discutir a indisciplina em sala de aula. Como quase todas as críticas endereçadas à educação, esta continua bastante atual. A escola, os professores, precisam se convencer que não é possível tratar os alunos como uma massa uniforme e saírem ilesos disso. Este tipo de relação, mas corriqueira na segunda etapa do ensino fundamental e no ensino médio, só tende a provocar manifestações de "afirmação da individualidade". E quase nunca essas manifestações são racionais, controladas, ordeiras e pacíficas. Em uma estrutura relacional em que professores e alunos não se conhecem pelo nome; em que os alunos são números para os professores e os professores são uma matéria (quase inanimada) para os alunos, é quase impossível se formar um vínculo de afeto e respeito. A impessoalidade das instituições burocráticas faz muito mal quando encontra acolhida nas salas de aula. Principalmente, quando lidamos com jovens que estão em franco processo de afirmação da sua identidade e demarcação daquilo que, segundo eles, os diferenciam dos demais. A escola não pode se tornar uma grande máquina de moer carne!!!
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